Limitei-me a uma casca maquiada
No auge da tragédia que meus olhos abriram
De um lado a morte. Do outro o aniversário de um filho
Tive que escolher entre viver e deixar de existir
Da fraqueza, mais fraca ainda, forças imaginárias
Suplantaram aqueles suores e vômitos misturados
Que borbulhavam em meu ser.
Na primeira maquiagem, tive o ímpeto
De rasgar as peles, de despir a alma
De me abrir ao meio e me espalhar no mundo
De diluir o grito e bater no padre
De fugir. Fugir do nada,
Do desconhecido.
Sou palhaço, palhaço-poeta
O trágico-cômico
Que da desgraça risos arranca
Que ri de si mesmo
Que inventa o amor ao gosto
Do meu pensamento.
E naquela fotografia
Intacta, de família
Ri e chorei ao mesmo tempo
Ri e chorei
Ri e chorei
Ao mesmo tempo.
Ao tempo da trágica maravilha de ser. Ser poeta.
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