A eternidade das coisas
é curta olhando-se de fora;
entre um segundo e outro, tempo,
o segundo que pulsa, quebranta;
intermináveis pulsações seqüenciadas
alteram e modificam a matéria
que já não é a mesma,
vítima de um segundo ávido
já não reconhece sua imagem,
ao se tocar sente corpo alheio.
O segundo tem por meta
física ou objetiva; alcançar
o primeiro que não existe, e dá-se ao trabalho
de rolar a pedra
até o topo da montanha;
em seguida despenca
reiniciando o ciclo
num incansável esforço repetitivo.
O segundo é tão ávido
que não é possível batizá-lo;
morre logo após
dar seu grito de existência,
não fica na memória
mas de suas entranhas precoces
nasce outro segundo morto,
que dá seu gritinho e se vai,
solitário.
Que o próximo segundo seja...
caem no buraco cheio de nada,
montanhas, multidões
de segundos que se foram,
todos obedientes e precisos
porém, mortos após dar a única
pulsada de suas vidas.
O segundo não dá-se ao luxo
de dividir-se; antes vem do nada
à toda, estatela-se
na parede da realidade
e cai;
um após outro,
infelizes,
sem glória, sem égide,
sem história, sem pai,
suicidam-se para formar
algo maior, majestoso,
séculos, milênios, eras,
dimensões;
formadas pela insignificante eternidade de segundos jogados
ao léu.
Incluamos segundos
em nosso cardápio
para que vivamos a vida
a cada segundo eterno e constante.
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