sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Síncope

Bossa nossa
A nova vida se colore
Em tons, verdes tons de samba
Um rap preto
E um techno cor-de-laranja

A vida cromatiza
A escala do tempo,
Num bemol o passado
Susteniza o futuro pentatônico

Isso! O jazz-futuro é aleatório
E a dissonância harmônica do mundo
Baseia e dosa a efemeridade
De um rock comercial

Ah! Mas a tristeza é um blues!
Suas sétimas menores
E teimosas, e francas, e dolorosas
Incidem na alma um grito rouco
Grito de existência e melancolia

Bossa vida nossa
Um Vinícius, um Tom
Um Jobim Maior
É uma nona entorpecida
Que nunca quer se acabar

Vai chegando a sétima de dominante
Sente-se que a tônica está próxima
E, na mesma nota que começa
O tom maior
A vida, nossa bossa, bossa velha
Ou usada
Se encolhe, se entrega
Se fecha

O maestro levanta o braço

Agoniza,
E morre.

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