sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Parto poético

Ah! Depois que pari aquela poesia
Acabaram-se as minhas forças
Fiquei pusilânime e lânguido
Quando o prazer passou.

Escrevia frenéticos versos
Versos de loucura incontida
Até que ejaculei um texto sujo
Cheio de erros gramaticais e rabiscos.

Este rascunho era espelho
Foi tudo o que pude ser em um momento
Me via nos erros, nos borrões
Fracamente humano e limitado.

Mas a poesia não!
Ela era perfeita e soberana
Era tão nobre que não pude a ler novamente
Vomitei-a inteira, já vestida e beatificada.

A caneta quebrou, o papel pegou fogo
Mas a poesia não,
Apenas desprendeu-se do papel e diluiu-se no ar
Inspirando outros e incrementando sentimentos.

Após conceber aquela poesia
Adoeci e morri
Mas ela permaneceu
E permanecerá eternamente
Na mente quente de algum poeta ensandecido
Como este que vos escreve.

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