Uma força estranha me puxa à mesa
Quer que eu explique porque o tempo passa
Faz grudar em minha mão uma caneta nova
Que não é minha; e me faz explicar o tempo
Ontem mesmo eu era uma criança de seis anos
No entanto aconselho e escuto os mais velhos
Todos vêm e sentam diante de mim, contando seus segredos
Como se eu pudesse resolvê-los.
Tenho ânsia, meus dedos já doem, a letra sai torta,
E os pensamentos tumultuam-se em minha mente
Incendiada, revirada, pelada, errada
De nada sei, busco o desconhecido
A sombra pra sempre imita a luz escurecida
Como um espelho preto que reflete o negativo
Doem as vistas; escrevo freneticamente
Sem saber se quando leres isto conseguirás sentir a minha dor
Sinta a minha dor,
Na minha rodovia tinha um pedágio
Tinha Carlos Drummond de Andrade
E não tinha nenhuma solidariedade
Tinha impostos caros e justificados
E crianças desinteressadas, sem futuro
Querendo fumar o primeiro cigarro
Achando que ser adulto é algo bom
Mas estão redondamente enganadas
Quando crescerem desejarão o passado,
O que não é um bom pensamento
O humano não sabe o que quer
Ou não quer saber se é humano
E esquece-se de Deus
Firma-se em um maço de papel impresso com a assinatura do presidente do banco central.
Deus seja louvado,
Não em notas de papel contaminado
Mas no coração dos homens, crianças, mulheres e idosos.
Que esteja em nossos corações,
E não num crucifixo
Que nos faça respirar
Que nos faça ser.
Deus seja louvado.
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