sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Conversa

Aqui estou sozinho mais um dia
E o vento acompanha meu compasso
O frio me anuncia que tardio
É o pó que dominara todo o espaço.

Deixei-me dominar pelo descaso
Me entorpeci ao ver o mundo posto
Em pedras que apoiam-se ao acaso
É fútil esconder o meu desgosto.

É pobre, eu sei, este poema mudo
Mas vou manifestar a minha ira
Calar-me e vestir meu sobre-tudo
Que livra-me dos lábios da mentira.

A noite escurece o que era claro
E logo leva toda aparência
À Terra cobre com o seu manto raro
Num leve toque de sutil prudência.

Sou filho adotivo desta puta
Que cuida de sua prole com carinho
Até quase atingir a fase adulta
Pra’então depois chorar por seu menino.

Meu choro eu guardei sem piedade
E omiti sem dó meu sentimento
Então eu esmurrei a liberdade
Pois quis interferir no meu intento.

Eu deixo pra depois a alegria
E me desmancho em letras de caneta
Aqui estou nesta calçada fria
Em mim não há nenhuma maçaneta.

Sou todo pó e sou nenhum ninguém
Me afogo em mim tentando esquecer
Que a raça humana pensa que também
Pra ter a vida basta só nascer.

Eu tento terminar este poema
Calar-me agora, e mui sutilmente
Por um ponto final neste problema
Senão vou escrever eternamente.

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