sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Quarta-feira

Cai a noite
Leve tombo,
O frescor
Toma conta do ar,
Calmas árvores
Estáticas,
Servem só de paisagem,
Tal qual a miragem
Dos meus olhos contemplar.
Vem a noite,
Leve brisa
Indecisa,
Sutil açoite.
Doce tédio
Ocioso,
Ombros cansados,
Lânguido suspiro,
Outro dia que se vai
Nas asas do tempo
Que urge sem remédio
E voa sem razão.
Regressam aos lares
Súditos de um reino
Sem rei; imaginário,
Sua majestade “O Salário”
Trabalham para quê?
Esqueçam os escravos,
Voltemos à noite
Que é majestosa
E ao som de mil cravos
Na valsa ditosa
A cálida foice
Pincela os mormaços
Restantes do dia,
E sem alegria
Nem pouca tristeza
Demonstra a beleza
De tal poesia,
Poesia pingada
Em versos e prosa
Conversa mimosa
De poeta ao luar.
A letra rimada
Traduz a lascívia
Que a palavra torta
Teceu no papel;
Letras de mel
Melífluas, fluídas
Em flores de lis
Emanam sentenças
Tratados, promessas
E juras de amor.
Sem mais desavenças
A brisa pacata
É a vida que passa
Puída de dor.
A dor também finda
Então o que resta?
Sem vida, sem brisa
Sem poesia, sem dor
Se o tempo contestaSó resta o amor.

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