“Onde estás palavra minha? Apartastes de mim tua beleza?”
Aborto literário
É o poema recusado
Palavra proibida
Pensamento rasgado
Herança perdida.
Gametas poéticos
Não fecundados
Mortos, decompostos
Antes mesmo de serem vomitados
Morrem nus.
Perdem-se na mente
Vagando por neurônios
E bloqueiam sentimentos.
Idéias nefastas,
Perdidas;
Quando escritos
Vêm pela metade,
Irritam o poeta,
Fazem-no sofrer
Sem métrica.
A única solução
É rasgar a folha
Matando os prantos,
Ocultando a incompletibilidade
Dos pensamentos incertos
Pré idéias
Que algum dia voltarão
Mais maduras
E talvez até
Com outra visão.
No entanto, agora
É necessário abafar
A palavra crua
Pra outra hora
Ser eclodida.
Ou até matá-la
Com um tiro na ortografia
Decepar-lhe a gramática
Amputar a caligrafia
Dramática.
Crime poético,
Palavra morta,
Idéia perdida,
Desconstruída:
Poeticídio.
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