sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Escuro céu

I

A lua está escondida
Entre nuvens
Seu brilho ofuscou-se
Mas ela está lá
Eterna.

Talvez chore
Sem ao menos saber o motivo
Não mostra sua face
Pois a maquiagem está manchada.
Não quer ser vista
Com o rosto vermelho
De lágrimas.

E há o dia
Que ela esconde-se
Totalmente
Num torpor de astro
Para esquecer de tudo.

Na sua alma
Borbulha a volúpia
Envolta em gelo
Incinerada e oculta.

A neve esconde
O coração farto de amor
Que deseja mais amor
Que ama demais.

Ó lua, diga-me
O que há de tácito
Em seu intrínseco coração
Em seu introspecto da alma!

Alguns silêncios
Podem ser entendidos
Outros, no entanto
São insuportáveis.

Ou você não sabe falar
Ou não quer me dizer
Diga-me! Agora!
Lua, o que há!

Sei que estamos distantes
Mas responda a mim
Não me olhe com essa cara
Com esses olhos ressentidos.

Lua, lua querida
Volte a brilhar em mim
Traga minha musa
Pois estou sem métrica.

Estou vazio
Você está fosca
Vamos transar lua?
Eu sei que está aí.



II

A lua me deixou sem o seu brilho
Estou de todo ao solo e prostrado
E como o pó do chão. O seu retrato
Oh! Como são bonitos os seus cílios!

A sua face escondeu na noite
A puta linda está entristecida
Em vãs divagações adormecida
Em prantos de tristeza, vil açoite.

E quando enfim cessar a dor pungente
Beijá-la-ei com toda a ventura
A sua face fulva, meiga e pura
Impávido amor de adolescente.

Amá-la-ei, amor absoluto
Com toda a verdade e ignorância
Amar não é saber, amar é ânsia
Que corre em gotas de um pranto mudo.

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